Comissões bancárias disparam 7,1% num mês! E o “pobre” português é que sofre… como sempre!

As comissões cobradas por uma simples conta base levam mais de 60 euros por ano ao cliente, o equivalente a 5,3 euros mensais.

Os preçários de cinco das 24 instituições financeiras que atuam em Portugal evidenciam um aumento logo no primeiro mês do ano de 7,1% nas anuidades máximas cobradas pelos bancos aos clientes pela disponibilização de um cartão de débito.

Se em dezembro de 2015 os preçários das 24 instituições financeiras que atuam em Portugal mostravam um custo médio de 11,4 euros por cartão, em janeiro as tabelas de preços já apontam para um custo médio de 12,21 euros. Já se olharmos para a evolução dos mesmos preçários entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016, o salto é bastante superior.

Em 2015, e segundo dados do Banco de Portugal, a inflação em Portugal ficou-se pelos 0,5%, um valor adulterado pelos bens energéticos já que, sem estes, a variação dos preços teria sido quase nula. Já para 2016, a Comissão Europeia, o FMI e a OCDE antecipam uma inflação inferior a 1% no país enquanto o ministério das Finanças estima um crescimento dos preços de 1,2%.

A evolução dos preços na economia, porém, de pouco importa para os preçários cobrados pela banca aos seus clientes. Segundo dados do Banco de Portugal, e já relativos ao últimos doze meses, as mesmas 24 instituições “representativas do mercado de cartões de débito” no país avançaram com “um aumento médio não ponderado de 33% no que respeita ao valor máximo das anuidades previstas em preçário”.

Se em janeiro de 2015 a média estava nos 9,21 euros, em dezembro de 2015 o valor já era de 11,4 euros, um salto de 24%. Com a viragem do ano, a média foi novamente impulsionada com a subida da média para os 12,21 euros, acumulando-se desta forma uma subida de 33% num único ano.

Outros custos e comissões

Ainda de acordo com o supervisor bancário, em janeiro de 2016 o setor cobrava em média 48,19 euros anuais de comissão máxima anual de manutenção de conta, o equivalente a quatro euros por mês, uma informação “recolhida através dos preçários de 24 instituições de crédito” e que tem por base “as contas standard comercializadas por essas instituições”.

O banco central diz ainda que as nas transferências intrabancárias a média das comissões máximas variavam entre 4 cêntimos por uma operação no homebanking e 1,5 euros nas transferências realizadas ao balcão.

Já relativamente ao custo global de uma conta base – que engloba como mínimos uma conta à ordem, a disponibilização de um cartão de débito e o acesso a caixas automáticas, balcões e à realização de depósitos, pagamentos , etc… -, os preçários de 11 instituições reportados ao BdP mostram uma comissão máxima anual de 63,64 euros, mais de 5 euros mensais.

Fotocópias alimentam lucros da banca

O aumento generalizado das comissões e dos spreads cobrados tem sido a forma que os bancos têm encontrado para aumentar os lucros nos anos de crise, chegando ao limite de cobrar até 15 euros por uma mera fotocópia de um documento do cliente – a média é de 6,78 euros por fotocópia, segundo um levantamento recente feito pelo Dinheiro Vivo.

“Estes valores de comissão para a solicitação de fotocópias aos balcões é apenas mais uma demonstração da subida constante, sempre acima dos valores da inflação, que as mais diversas comissões bancárias têm sofrido nos últimos anos e que apenas vêm encarecer o custo de utilização de um produto essencial nos dias que correm, como é uma conta bancária”, explicou ao Dinheiro Vivo Nuno Rico, economista da Deco, no final de janeiro.

OE aumenta taxa, banca aumenta comissão

Os agravamentos fiscais previstos para o setor bancário no Orçamento do Estado para este ano irão também acabar, direta ou indiretamente, por ser transferidos pela banca aos seus clientes – isto além das subidas das comissões.

O OE 2016 dá autorização ao governo para cobrar um imposto de selo sobre as comissões cobradas pelos bancos pela disponibilização de terminais de pagamento – a taxa de serviço do comerciante. Esta taxa, contudo, será facilmente transferida do banco para comerciante e deste para o consumidor.

“O Estado não cobra nem ao cliente nem ao comerciante. O imposto é aplicado sobre a comissão que é cobrada pelo banco no terminal de pagamento”, explicou o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais na apresentação do OE. Mas admitiu: “o Estado nunca controla de que maneira é que os agentes económicos repercutem os impostos.”

Fonte: dinheirovivo.pt

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