Faltou ao trabalho durante 14 anos seguidos e ninguém reparou!
Parece impossível, mas isto aconteceu mesmo! Ele faltou durante 14 anos ao trabalho e ninguém deu por falta dele.
Joaquín García já é conhecido na imprensa espanhola como “o funcionário fantasma”. Foi capaz manter o seu salário anual bruto de 37 mil euros ao longo de 14 anos… sem fazer nada.
Esta história começa em 1990. Nesse ano, a autarquia de Cádiz contratou Joaquín García, engenheiro, e nomeou-o diretor técnico da área ambiental, cargo que manteve até 1996.
Nesse ano, foi enviado para as Águas de Cádiz com a missão de fiscalizar as obras da estação de tratamento de águas de La Martona. A ordem foi dada por Jorge Blas Fernández, atual senador do PP e vice-presidente da autarquia de Cádiz entre 1995 e 2015.
“Demos-lhe um escritório no edifício das Águas de Cádiz e ali ficou. Até que um dia, lembrei-me dele e pensei: Onde estará este homem? Continuará lá? Estará reformado? Falecido? Como continuava a receber o salário, comecei a fazer diligências” – explicou, ao jornal “El Mundo”, Jorge Blas Fernández, que avançou com a queixa contra Joaquían García.
Segundo o responsável, as Águas de Cádiz disseram-lhe então que não sabiam de nada e que por isso tinham pressuposto que Joaquín García tinha regressado à autarquia.
Então, Fernández contactou García diretamente. Disse que nesse dia estava a tratar de assuntos pessoais. E não soube dizer onde tinha estado no dia anterior ou sequer no mês passado.
Tanto na autarquia como nas Águas de Cádiz, Joaquín García não era visto há anos pelos colegas, avança o mesmo jornal.
Ao todo, o “funcionário fantasma” não terá exercido funções entre 1996 e 2010, ano em que começaram a investigar as suas funções, inicialmente com o intuito de lhe oferecer uma placa comemorativa por 20 anos de serviço.
Contudo, a versão do funcionário, entretanto reformado, é outra. Garante que nunca faltou ao trabalho e que foi vítima de “mobbing”, ou seja, bullying no local de trabalho. Na sua versão, colocaram-no deliberadamente num local sem nada para fazer. Mas, ao contrário do que foi acusado, diz ter ido sempre trabalhar, tendo aproveitado o tempo para colocar a leitura em dia. Sobretudo, obras de Spinoza.
Na origem do alegado “mobbing” estaria o facto de ser cunhado de um antigo candidato do PSOE à câmara de Cádiz e a investigação ter sido aberta por um membro do PP.
Joaquín Gacía, de 69 anos, acabou por ser condenado a pagar quase 27 mil euros, correspondentes a um ano de salário líquido, o máximo permitido pela lei espanhola.