Inacreditável! Vê o que aconteceu com o dono do Palácio dos Kebabs!

Mustafa Kartal, o dono, diz ter recebido mensagens de solidariedade e até houve quem se oferecesse para ali trabalhar de graça. E tem muitos mais clientes.

palacio

“Força”. E uma palmadinha nas costas. Assim se despede um cliente de Mustafa Kartal, o dono do Palácio do Kebab. O mesmo que toda a gente conheceu no dia seguinte ao 25 de abril, quando correrem imagens suas a impedir a entrada de duas dezenas de de pessoas que, segundo ele, vandalizavam a loja. Os gestos de solidariedade chegaram de todo o lado: telefone, redes sociais e pessoalmente, muitos para a habitual selfie e também quem se oferecesse para ali trabalhar de graça. “Tinha um empregado e meti outro mas não precisa ser de graça. Tenho muito mais gente, graças a Deus.” A clientela aumentou em 60%.

Mustafa Kartal, 35 anos, abre todos os dias o estabelecimento, entre as 10:00 e as 02:00, fora a sexta-feira, sábado e vésperas de feriado, em que fecham uma hora mais tarde. Com a mesma rotina com que o inaugurou há 40 dias, junto ao Cais do Sodré, à frente de duas discotecas. “Não posso ter medo. Esta casa é o meu coração. Como é que a vou fechar? Não ia para outro lado.”

O estabelecimento fica ao pé de duas escolas, a ETIC (Escolas de Tecnologia, Inovação e Criação) e a EPI (Escola Profissional de Imagem), também de empresas como os CTT e a EDP. Mustafa encontrou ali “bons clientes”, que aumentaram substancialmente depois da madrugada em que se desembaraçou de um bando de pessoas saídas da discoteca e à procura de confusão. Com uma espátula gigante com que coloca as carnes no espeto – “não era uma faca”, esclarece – impediu a entrada do grupo, o que suscitou elogios, também piadas na Internet. “Estou a pensar fazer o jantar de anos no Palácio do Kebab, avia 15 de uma vez!” E a nota 4,1 numa aplicação de restaurantes.

“Eram quase oito horas, estávamos a limpar a loja, entraram quatro pessoas a pedir comida e foram embora quando dissemos que estávamos fechados. Vieram depois os outros todos, começara a tirar coisas, tentaram levar a máquina registadora. O Khela [empregado] a gritar : «Mustafa, Mustafa, ajuda!». Tive que me defender”, justifica.

Tânia Duque, Nuno Farizo, João Gasseman e Pedro Colaço, entre os 15 e os 18 anos, alunos do curso de Fotografia da ETIC, já eram clientes do pão pita com frango: “É melhor que os outros, mais barato e tem um bom espaço.” Mas reforçaram as idas aos almoços. “Vim logo no dia seguinte”, conta o João. “Não vim logo porque não tinha dinheiro”, acrescenta o Pedro. Afirmam todos que ficaram incrédulos com as imagens. “Conhecíamos o senhor, que é uma pessoa calma, pacífica, só o fez porque o atacaram, foi para se defender”. Mustafa é curdo da Turquia e está em Portugal há quatro anos, depois de viver na Hungria.

Espera autorização de residência

É casado, tem uma filha com 10 anos e um filho com 8, que moram com a mãe em Istambul. E que, desde há uma semana, reforçaram as chamadas telefónicas. Hoje falaram várias vezes. “Desculpe, é a minha mulher, tenho de atender, sempre a dizer «Amor, amor, estás bem?» Não contou à família o que lhe aconteceu em Lisboa, “não os quis preocupar”, só que, cinco dias depois, a notícia estava na televisão turca. Gostava de os visitar, mas não tem autorização de residência e diz que se, sair, o processo tem de voltar ao início, como aconteceu em outras vezes quando as saudades apertarem e visitou a família na Turquia.

Desde 20 de Maio de 2015 que não viaja para fora do País e pensava que obtinha o documento em seis meses, mas está “sempre a entregar papéis”e a autorização tarda. O DN contactou o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, cuja assessoria esclarece: “o cidadão tem processo junto deste serviço, tendo alterado o respetivo requerimento legal, aguardando a concessão de Autorização de Residência.”

Foi um primo de Mustafa Kartal, que aqui vivia em Portugal há 14 anos, que o convenceu a imigrar. Começou por trabalhar por conta de outrem, até abrir com um sócio uma empresa de calçado, sobretudo chinelos turcos. O negócio levou-o a conhecer Portugal – “uma cidade que gostei muito foi Vila Real, tem muitas montanhas como a minha terra” -, mas não tem corrido bem e dedicou-se à restauração. Paga a segurança social e os impostos e conta que requereu autorização de residência desde o início.

Fonte: Diário de Notícias

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